Maio tem “virada negativa” na economia e culpa é dos juros, dizem empresários

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Em encontro com a cúpula da equipe econômica do governo e membros do Congresso Nacional nesta terça-feira (23), grandes empresários fizeram um relato de que o desempenho da economia piorou fortemente em maio e que os indicadores vão demonstrar um tombo no nível de atividade.

A “virada de maio” – no sentido negativo – foi atribuída pelos representantes do setor privado à continuidade da taxa de juros em 13,75%. Eles afirmaram que os números devem apontar retração nas vendas do varejo, enfraquecimento do crédito, queda na produção de automóveis e de linha branca.

O encontro ocorreu na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e contou com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Eles estavam acompanhados dos relatores do arcabouço fiscal, Claudio Cajado (PP-BA), e da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Também estiveram na reunião o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Do lado do PIB foram pesos-pesados da indústria, da construção civil, de bancos, do agronegócio, da infraestrutura, do varejo e da mineração.

Os empresários queriam um aceno de Campos Neto sobre o início do ciclo de queda da Selic, mas saíram sem nenhuma sinalização de quando os cortes podem efetivamente começar. Segundo relatos feitos à CNN, mais de uma pessoa afirmou ao presidente do BC que “o remédio [dos juros] vai matar o doente”.

De acordo com um dos presentes, muitas companhias se endividaram para tocar projetos de expansão com os juros a 2% anuais. Cerca de 70% do crédito contraído, na palavra de um deles, seria para bancar o “capex” (investimento produtivo e de ampliação) das empresas.

Com o aumento da Selic e dos juros em geral, as dívidas estão ficando impagáveis e não há mais crédito novo na praça – seja corporativo, seja para os consumidores. Até mesmo no agro, conforme os relatos levados nesta terça-feira para Brasília, tem havido interrupção de financiamento.

No caso da indústria, os empresários afirmaram que a linha branca (eletrodomésticos) pode iniciar uma onda de demissões. Entre os representantes do PIB estavam Rubens Ometto (Cosan), André Esteves (BTG), Benjamin Steinbruch (CSN), Carlos Sanchez (EMS), Flávio Rocha (Riachuelo) e os presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

Também foi ao encontro o fundador e presidente do conselho da MRV Engenharia, o empresário Rubens Menin, que é controlador do Inter, da Log Commercial Properties e da CNN Brasil.

Nas palavras de um dos empresários, o aperto da política monetária fez Campos Neto “perder apoio do establishment” e ficar isolado hoje em suas posições, mesmo com argumentos técnicos para defender a taxa de juros no patamar atual.

Fonte: CNN – https://www.cnnbrasil.com.br/economia/maio-tem-virada-negativa-na-economia-e-culpa-e-dos-juros-dizem-empresarios/