No ano passado, a inflação do Brasil foi a terceira maior entre as principais economias, apenas atrás da Argentina e da Turquia. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em dois dígitos em 2021, alta de 10,06%, o maior aumento desde 2015, quando chegou a 10,67%, e superou em muito o teto da meta de inflação, de 5,25%, quando o centro era de 3,75%.
Infelizmente, em 2022, os preços continuam subindo, por vários motivos, internos e externos, como a guerra na Ucrânia.
Um dos indicadores da alta inflacionária citado por muitos consumidores é o preço dos hortifrutigranjeiros, com frutas e hortaliças praticamente dobrando de valor nas últimas semanas nas redes de supermercados.
O desvio em relação à banda superior da meta do Banco Central foi o maior em quase 20 anos, uma vez que, em 2002, a disparada foi de mais de 7 pontos porcentuais.
Não que sirva de consolo, mas a Argentina acumulou mais do que 52% de inflação. Outra comparação feita é com a Turquia, onde o índice da inflação foi de 36,08% de janeiro a dezembro, recorde em 20 anos. Houve até intervenção do presidente turco Recep Tayyip Erdogan no Banco Central do país, pressionando para a redução dos juros.
Em contrapartida, o índice inflacionário da China ficou em 1,5% em 2021. Já a economia dos EUA teve a maior alta de preços desde 1982, chegando a 7%, a mais alta em quase 40 anos. Na zona do euro, ficou em 5%.
Houve alta de preços generalizada em todo o mundo, no rastro da pandemia do coronavírus e, mais recentemente, pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, prejudicando negócios e travando o fornecimento de matérias-primas.
No Rio Grande do Sul, a estiagem prejudicou o plantio e a colheita, enquanto em outros estados, chuvas torrenciais aniquilaram plantações.
Temos uma onda global na elevação dos preços, com o aumento de commodities, produtos básicos como alimentos, petróleo e minério, além do choque de custos no atacado, em parte explicado por problemas na cadeia de suprimentos, espalhando-se para o varejo. Uma das consequências da alta dos preços é o pedido de reajuste de salários no Brasil.
Economistas preveem que a inflação ao consumidor deve perder força no mundo, mas continuará acima do ritmo de alta dos preços de antes da pandemia, mantendo sob pressão os bancos centrais de países emergentes.
Fonte: Jornal do Comércio – https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/editorial/2022/04/840725-inflacao-em-alta-prejudica-toda-a-economia-brasileira.html