Busca por alternativas à BR-101 marca o Fórum CNT de Debates em Santa Catarina

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Encontro promovido pelo Sistema Transporte, em parceria com a Fetrancesc, traçou panorama das principais questões enfrentadas pelos transportadores catarinenses

Por Agência CNT Transporte Atual
08/03/2024  9h43

A unidade operacional do SEST SENAT de Joinville recebeu, na quinta-feira (7/3), o Fórum CNT de Debates – Edição Regional – Santa Catarina. O evento, realizado em parceria com a Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística de Santa Catarina), reuniu autoridades, especialistas e empresários. 

O Fórum é concebido como um espaço para o diálogo e a construção coletiva de soluções e, em suas edições regionais, já passou por cidades como Vitória (ES) e Natal (RN). “A importância dessa iniciativa é a proximidade com os empresários. Trata-se de uma oportunidade de conhecer a base deles e entender as demandas. Assim, podemos defendê-las em Brasília”, afirmou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa.   

Os trabalhos foram abertos pelo presidente da Fetrancesc e do Conselho Regional do SEST SENAT, Dagnor Schneider, e, rapidamente, as falas passaram a girar em torno da infraestrutura de transporte do estado. “A infraestrutura de Santa Catarina tem suas dificuldades. Temos apenas uma rodovia duplicada — todas as demais são simples”, disse o deputado federal Valdir Cobalchini, em sua participação.

Os números da última edição da Pesquisa CNT de Rodovias, apresentados pelo diretor executivo da CNT, Bruno Batista, mostram que é necessário dar continuidade aos investimentos em infraestrutura rodoviária no estado para, em um primeiro momento, recuperar as rodovias, com ações emergenciais de restauração, reconstrução e manutenção. 

Entre os convidados locais, porém, não resta dúvida que os desafios estão concentrados na BR-101 Norte, que é rota turística e liga Santa Catarina ao resto do país. Por ela, escoam 68% do PIB catarinense, o equivalente a US$ 38,6 bilhões, entre exportações e importações. Porém ela atingiu o limite de sua capacidade e, hoje, é lenta e perigosa, sendo que os principais gargalos ocorrem nos trechos entre Joinville, Penha, Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú, Itapema, Biguaçu, São José e Palhoça. 

“Percebam como isso traz um impacto negativo para a imagem do transporte de passageiros”, reforçou Felipe Busnardo Gulin, presidente da Fepasc (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e Santa Catarina). Segundo ele, tão importante quanto renovar a frota é o investimento em infraestrutura.

Nessa primeira etapa do Fórum, também debateram o prefeito de Joinville, Adriano Silva, que enfatizou o papel da livre iniciativa no desenvolvimento do município; e o deputado estadual Antídio Lunelli, presidente da Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano na Alesc, que expôs a preponderância excessiva do modal rodoviário na matriz do estado e lembrou que o roubo de cargas é outra queixa reincidente na região. 

A nota de otimismo veio de Jerry Comper, secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, representando o governador Jorginho Mello; e de Alysson de Andrade, superintendente do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) em Santa Catarina. Ambos noticiaram obras que estão em andamento ou estão previstas e que podem amenizar as mazelas atuais. 

Em outro momento da programação, o diretor de Relações Institucionais da CNT, Valter Souza, contou um pouco de sua experiência “no centro do poder”, em Brasília, onde compreendeu a importância de levar as demandas setoriais ao conhecimento dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele compartilhou exemplos de como, em diversos momentos, a articulação promovida pelo Sistema Transporte frutificou e resultou em posições melhores para os empresários do transporte. Por fim, Valter Souza convidou os presentes a conhecerem os serviços disponibilizados pelas três casas do Sistema: a CNT, o SEST SENAT e o ITL.

Sobre biodiesel

Durante o evento, também foi discutido o impacto para a atividade transportadora da mistura do biodiesel de base éster ao diesel fóssil. O teor da mistura, que era de 10% em 2022, hoje é de 14%, em atendimento à resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). A política foi implementada como parte da estratégia nacional de transição energética. Na prática das empresas, porém, a mudança na composição tem se revelado prejudicial.  

Com participação de Felipe Busnardo no papel de debatedor, a mesa foi mediada por Ari Rabaiolli, que é presidente da Badesc (Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina) e ex-presidente da Fetrancesc e do Conselho Regional do SEST SENAT de Santa Catarina. O debate foi antecedido por exposição do diretor executivo da CNT, Bruno Batista, que trouxe subsídios técnicos para a compreensão do tema.

Foram exibidos números da Sondagem CNT sobre o biodiesel brasileiro, na qual se colheram informações de 710 empresários do setor de transporte. Entre os entrevistados, 60,3% relataram a incidência de problemas mecânicos relacionados ao teor da mistura. As principais ocorrências dizem respeito ao aumento da frequência de troca de filtros (82,7%) e a falhas no sistema de injeção (77,1%). Como resultado, foi percebido um aumento nos custos com a manutenção dos veículos. 

Também foi compartilhado o case da Sambaíba, atuante no transporte público de São Paulo. Em 2023, a empresa monitorou os tanques da garagem e realizou testes em campo, comparando diferentes teores de biodiesel. O resultado foi que, acima de 10%, foi constatada a presença de borra (resíduo) em tanques, filtros e peças automotivas. Com isso, a limpeza dos tanques, que era anual, precisou ser realizada em meses alternados. A frota, por sua vez, visivelmente perdeu potência. Novamente, registrou-se aumento total de gastos na operação.  

Fonte: CNT

https://www.cnt.org.br/agencia-cnt/busca-por-alternativas-a-br-101-marca-o-forum-cnt-de-debates-em-santa-catarina