Sob impacto de um cenário de dificuldades para financiar, vendas de caminhões avançam com apoio da demanda agrícola
Mesmo com o cenário de crédito ainda restrito e juros elevados para financiamentos, o mercado de caminhões novos no Brasil registrou crescimento no primeiro trimestre de 2025. Segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgados na última quinta-feira (3), foram emplacadas 27.121 unidades entre janeiro e março, avanço de 4,83% em relação às 25.871 registradas no mesmo período do ano passado.
O desempenho, embora moderado, foi avaliado como positivo pelo presidente da Fenabrave, Arcelio Alceu dos Santos Junior. “A conversão de vendas está mais lenta, mas dentro do esperado. O setor segue atento às dificuldades no acesso ao crédito, mas também tem sido impulsionado pela expectativa favorável no agronegócio”, afirmou.
Em março, foram licenciados 9.200 caminhões, crescimento de 5,13% em comparação com fevereiro. Na comparação interanual, no entanto, houve retração de 5,01% ante os 9.685 veículos vendidos em março de 2024.
A resiliência parcial do setor é explicada, em parte, pela perspectiva positiva para a safra agrícola. De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita de grãos no país deverá atingir 325,7 milhões de toneladas neste ano, alta de 9,4% em relação à temporada anterior. Isso tem mantido o apetite, ainda que cauteloso, dos transportadores por renovação ou ampliação de frota.
Selic elevada limita fôlego do pequeno frotista
Para Tereza Fernandez, economista da Fenabrave, o crescimento verificado até agora deve ser interpretado com prudência. Segundo ela, os juros elevados — com a Selic atualmente em 14,25% e possibilidade de alta até 15% — tendem a pressionar especialmente os pequenos e médios frotistas, que são responsáveis por boa parte do volume da indústria.
“Há sim uma chance de desaceleração nas vendas de caminhões ao longo do ano, mesmo com uma safra forte. O pequeno transportador não tem a mesma musculatura financeira das grandes empresas e sente mais diretamente o aperto no crédito”, afirma Fernandez.
Ainda assim, a economista pondera que a busca por eficiência operacional, com veículos que oferecem economia de combustível, pode ajudar a sustentar uma demanda moderada. “O crescimento projetado é modesto, mas o setor não deve sofrer de forma significativa”, resume. A Fenabrave projeta a venda de 127.593 caminhões em 2025, o que representaria alta de 4,5% frente às 122.099 unidades emplacadas em 2024.
Mercedes-Benz lidera o ranking no trimestre
Entre as montadoras, a Mercedes-Benz encerrou o primeiro trimestre na liderança, com 25,08% de participação de mercado e três modelos entre os dez mais vendidos. A Volkswagen Caminhões e Ônibus aparece em seguida, com 24,77%, seguida por Volvo (18,55%), Scania (14,63%), Iveco (7,74%), DAF (7,62%) e Foton (menos de 1%).
Em março, o cenário foi diferente: a Volkswagen liderou com 25,24% do mercado mensal, seguida de perto pela Mercedes-Benz (24,76%). Volvo (20,58%), Scania (15,15%), DAF (6,53%), Iveco (6,45%) e Foton (0,86%) completam o ranking do mês.
Os dez modelos mais vendidos
No acumulado do ano, o caminhão pesado Volvo FH 540 segue como o caminhão mais emplacado do país, com 1.464 unidades comercializadas até março. O modelo é seguido pelo médio VW Truck 11.180 e pelo semipesado Volvo VM 290. Confira os dez modelos mais vendidos no trimestre:
Volvo FH 540 – 1.464
VW Truck 11.180 – 1.350
Volvo VM 290 – 1.061
Mercedes-Benz Accelo 1017 – 1.155
DAF XF 530 – 992
Scania R 460 – 968
Volvo FH 460 – 837
Mercedes-Benz Atego 2429 – 735
Mercedes-Benz Atego 1719 – 726
VW Truck 26.260 – 626
Fonte: Transporte Moderno
