De acordo com a Fenauto, a queda na venda de caminhões usados tem relação com a “normalização” do mercado, onde o 0-km volta a protagonizar.
As vendas de caminhões usados por lojistas independentes registraram um recuo de 18% em 2022. No acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, as lojas multimarcas negociaram 330.660 unidades, ou seja, bem menos que os 403.294 modelos somados em 2021. Os dados são da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), entidade reúne o setor. Assim, o resultado não incluí a rede autorizada.
Entretanto, na comparação dos meses de dezembro e novembro, as vendas foram melhores. De acordo com a Fenauto, as associadas venderam 10.685 caminhões usados no mês passado. Portanto, o número representa aumento de 13,3% ante as 9.453 vendas do mês anterior.
Contudo, mesmo com o bom resultado no último mês de 2022, o setor ainda amargou queda anual. Nesse sentido, segundo o presidente da Fenauto, Enilson Sales, tal retração tem a ver com a “acomodação do mercado de usados”.
Sales diz que praticamente todo o setor automotivo sofreu retração frente a 2021. Entretanto, ele lembra que o mercado sofreu forte impacto em 2020, retomando em 2021. Portanto, é natural que, agora, ocorra uma acomodação.
“Tudo que foi represado em 2020, foi reposto em 2021. Por isso, a gente não tinha expectativas de crescimento o ano passado. A retomada ocorreu em 2021”, pondera. Além disso, Sales considera que o resultado não é ruim, ainda mais se considerar que as vendas de veículos 0-km estão voltando ao ritmo da normalidade.
Sem crédito, vendas de caminhões usados minguaram
Sales concorda que a alta dos preços dos caminhões usados e seminovos colaborou para a retração das vendas. No entanto, ele considera que parte dessa valorização dos seminovos tem relação com as tecnologias que esses veículos de até três anos agregam frente aos mais antigos. Também, o seminovo valorizou porque não havia caminhão 0-km.
Ademais, o crédito sempre foi importante para o negócio, mas as instituições financeiras restringiram mais o crédito nos últimos anos, sobretudo de 2021 para cá e na venda de usados. Algo que, para Sales, não é assustador. Afinal, o País vive uma “desaceleração econômica”.
Renda e crédito são barreiras para 2023
Para este ano, Enilson Sales considera que haverá alguns desafios. “Não há nada de concreto por parte do governo que traga segurança aos agentes financeiros. Está tudo muito abstrato ainda”, diz o presidente da Fenauto. “Além disso, precisamos de uma política econômica que favoreça o desenvolvimento, com um olhar para a produtividade do País. Portanto, ainda não é possível projetar como será o setor em 2023”, explica Sales.
Fonte: Estadão