As mudanças climáticas podem ter afetado os preços dos combustíveis, principalmente no caso do etanol, que, produzido a partir da cana-de-açúcar no Brasil, sofre variações da dinâmica do setor agrícola, apontam especialistas. A entrada da nova safra do insumo, aliás, deve contribuir para segurar ou até mesmo diminuir os preços do biocombustível e da gasolina, com 27,5% da sua composição por álcool combustível.
Os preços do etanol hidratado subiram 16,81% em Minas Gerais neste ano, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). O custo da gasolina acompanhou a alta, com menor intensidade. Já o diesel e o gás natural veicular (GNV) apresentaram estabilidade.
O biocombustível começou o ano com preço de R$ 3,39 por litro nos postos mineiros. No começo desta semana, o custo era de R$ 3,96. A oscilação positiva de 16,81% foi a maior entre todos os combustíveis pesquisados pela ANP, com distância para os outros combustíveis.
O diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos, aponta que uma das responsáveis pela alta é a agricultura, afetada pelas mudanças climáticas. “Esse aumento de preço nos primeiros cinco meses do ano é explicado muito por essas dinâmicas do setor agrícola. Umas dificuldades muito pela intensificação ou redução das chuvas, ou mesmo uma elevação de custos de moagem, estocagem do etanol nas usinas produtoras no Brasil”, explica.
O levantamento da ANP aponta que, além do etanol hidratado, os preços do litro da gasolina comum e aditivada também subiram no período. No decorrer do ano, os custos dos dois tipos de combustíveis sofreram variações no Estado de, respectivamente, 7,35% e 6,53%. Atualmente, o litro da gasolina comum está R$ 5,84, enquanto a aditivada está R$ 6,03.
No início de janeiro, os valores do litro da gasolina comum e aditivada nos postos de combustíveis em Minas eram de, respectivamente, R$ 5,44 e R$ 5,66. Com etanol na sua composição, mesmo sendo um combustível fóssil, a gasolina também é afetada pelas mudanças climáticas.
Preço pode reduzir com nova safra
O professor de finanças do Ibmec BH, Gilberto Braga, afirma que os bons resultados da safra anterior de cana-de-açúcar geraram acúmulo de etanol, o que fez o governo federal aumentar a proporção do biocombustível na gasolina e gerar mais demanda.
Os aumentos no preço da gasolina fizeram o etanol ficar mais competitivo e causou uma migração de consumidores. “Com o fim da entressafra, ou seja, o estoque da entressafra começou a ficar menor, você teve aumento de demanda e diminuição de oferta. Agora com a entrada da safra de 2024, deve ocorrer o contrário, ou seja: o preço tende a ficar menos pressionado e deve cair um pouco”, pontua Braga.
Preço do diesel ficou estável em Minas Gerais
Diferente da gasolina e do etanol, os preços do diesel no Estado se mantiveram estáveis no decorrer do ano. Estavam a R$ 5,75 por litro na primeira semana de janeiro e chegaram a R$ 5,74 na última medição. Já o diesel S-10 foi vendido, em média, a R$ 5,88 por litro no início do mesmo período e chegou a R$ 5,83 na última semana.
O GNV foi outro combustível com pouca oscilação em Minas Gerais no período analisado. Na primeira semana de 2024, o custo estava em R$ 4,94/m³ e caiu para o atual preço de R$ 4,90/m³, leve queda de 0,8%.
Fonte: Diário do Comércio – https://diariodocomercio.com.br/economia/mudancas-climaticas-podem-ter-afetado-preco-dos-combustiveis/
