O recuo no crédito foi puxado principalmente pela menor procura por caminhões novos que somaram 9.779 operações, recuo de 7,8% em relação a abril (10.609) e de 12,1% na comparação anual (11.128)
O volume de caminhões financiados no Brasil recuou 6,4% nos cinco primeiros meses de 2025, reflexo da cautela dos transportadores diante do cenário macroeconômico desafiador. De janeiro a maio, foram registradas 112.766 operações de crédito para aquisição de caminhões, contra 120.312 no mesmo período do ano passado, segundo dados da B3 analisados por Transporte Moderno.
Em maio, o número de financiamentos totalizou 22.795 unidades, leve queda de 2,1% em relação a abril (23.281). Na comparação anual, a retração foi de 4,3%, já que em maio de 2024 foram realizadas 23.809 operações.
O recuo no crédito foi puxado principalmente pela menor procura por caminhões novos. De janeiro a maio, foram financiadas 49.761 unidades novas, queda de 10,7% frente às 55.707 registradas no mesmo período de 2024. Somente em maio, os financiamentos de novos somaram 9.779 operações, recuo de 7,8% em relação a abril (10.609) e de 12,1% na comparação anual (11.128).
Usados resistem à pressão dos juros
Os caminhões usados demonstraram maior resiliência. Foram 63.005 unidades financiadas no acumulado do ano, praticamente estável frente às 64.605 operações registradas até maio de 2024 — uma leve queda de 2,5%. Em maio, foram 13.016 financiamentos, aumento de 6% sobre abril (12.272) e de 7,5% em relação a maio do ano passado (12.096).
Esse desempenho acompanha a tendência do mercado de vendas de caminhões usados, que apresentou crescimento acumulado de 22,4% até maio, segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) foram 162.187 unidades vendidas nos cinco primeiros meses do ano, contra 132.457 no mesmo período de 2024.
Apesar do bom desempenho no acumulado, o ritmo começa a perder força. Em maio, foram comercializadas 38.400 unidades, um avanço de 3,5% sobre abril (37.391), abaixo das altas de 7,5% e 7,9% observadas nos meses anteriores.
Segundo Enilson Sales, presidente da Fenauto, o setor começa a sentir os efeitos do encarecimento do crédito e da inflação persistente. “Com o IPCA se aproximando de 5,5% e uma previsão de PIB em torno de 2,5%, o segundo semestre deve apresentar mais desafios, sobretudo no acesso ao financiamento, que é crucial nesse mercado”, afirma.
Segundo levantamento da B3, entre as modalidades de crédito, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) manteve a liderança, com 91.718 contratos firmados no acumulado do ano, sendo 18.362 em maio O consórcio segue ganhando espaço, com 16.154 cotas comercializadas de janeiro a maio, das quais 3.574 no último mês — maior volume mensal do ano.
Cautela e planejamento para o segundo semestre
Apesar do bom estoque disponível e da alta rotatividade da frota, a Fenauto alerta que a manutenção do ritmo de crescimento nas vendas de usados dependerá da evolução dos indicadores macroeconômicos e da política de crédito dos bancos. “Ainda temos um bom estoque e uma frota circulante com alta rotatividade, o que favorece os negócios. Mas o mercado começa a exigir mais cautela e planejamento por parte dos compradores”, reforça Sales.
Já para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os juros altos e a volatilidade nos preços do diesel dificultam decisões de compra de caminhões novos. “Há demanda, mas os transportadores estão cautelosos e aguardam condições melhores de financiamento”, conclui.
