Enel ampliará maior parque eólico da América do Sul

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O maior complexo eólico em operação na América do Sul, instalado no Piauí, vai crescer ainda mais. A Enel Green Power, braço de energias renováveis da Enel Brasil, já tem os parques Lagoa I e II em operação, está na fase final de construção do Lagoa III e vai dar início à construção do parque eólico Lagoa dos Ventos V.

A expansão vai custar R$ 2,5 bilhões e adicionar mais 399 MW de capacidade instalada distribuídos em 70 aerogeradores. A previsão é entrar em operação entre o fim de 2023 e início de 2024. A primeira ampliação do complexo eólico Lagoa dos Ventos começou em 2020 e está parcialmente em operação. A expectativa é de que essa primeira fase esteja 100% concluída até o final do ano.

Hoje, o complexo possui 1,1 GW em funcionamento e quando tudo estiver pronto a potência será superior a 1,5 GW.

Diante do minguante modelo de contratação de energia por meio de leilões, o foco da italiana é o mercado livre de energia, hoje o carro-chefe da expansão do setor elétrico. Cerca de 500 MW estão contratados no mercado regulado e a diferença vai para o mercado livre de energia.

“Quando a usina estiver em operação total, vamos gerar 6,7 terawatt-hora (TWh) de energia, que equivale a quase 1,3% de toda a demanda de energia do Brasil”, calcula o responsável pela Enel Green Power no Brasil, Bruno Riga.

O presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, diz que a empresa sente um crescente aumento de clientes que querem comprar energia de fontes sustentáveis, com certificação e de baixo custo, por isso a necessidade de atender este público mais engajado.

O executivo não detalha como será esta nova tranche bilionária para financiar as obras, diz apenas que tem uma gestão financeira com forte base no capital próprio. Sabe-se que a empresa está capitalizada, já que no plano estratégico de descarbonização, a companhia italiana fortaleceu o caixa com a venda a Central Geradora Térmica Fortaleza (CGTF -TermoFortaleza) para a Eneva e recentemente também vendeu a distribuidora Enel Goiás para a Equatorial.

O parque reforça a vocação do Nordeste como região exportadora de energia limpa e renovável para os principais centros de consumo do Brasil. Os benefícios para a região onde se estabelecem os empreendimentos energéticos são positivos, com destaque para as centenas de famílias beneficiadas com o arrendamento da terra, geração de emprego e renda e melhorias na infraestrutura local.

Com a entrada de novas tecnologias, como baterias, Cotugno acredita que o Brasil poderá suprir toda sua demanda por energias renováveis sem a necessidade de fontes fósseis. Ele avalia que o Brasil não precisa de novos investimentos em térmicas no futuro e que o país pode ter uma geração 100% renovável, sem nenhum risco de racionamento, utilizando apenas tecnologias integradas, como sistemas híbridos, que mesclam geração eólica, solar e baterias.

“Temos feito leilões para capacidade térmica. Usinas para entrarem em operação em 2026 e 2028. A gente precisa disso de verdade? Nossa opinião é que vento e sol e tecnologias de baterias são caminhos alternativos”, afirma o executivo, se referindo ao leilão emergencial no Procedimento Competitivo Simplificado (PCS), promovido pelo governo federal, em que o custo do despacho custeado pelos consumidores pode custar R$ 40 bilhões em três anos.

A unidade está conectada na subestação de São João do Piauí, da Chesf, e faz a conexão entre a linha de transmissão de 500 kv proveniente da subestação do parque eólico e a subestação de transmissão de energia que integra o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Os parques em operação contam com aerogeradores da GE Renewable Energy, mas a nova expansão terá máquinas da Nordex. Eles ressaltam que a dificuldade que as fabricantes vêm enfrentando com a crise global sobre as cadeias de suprimentos, os recentes preços da energia e o ambiente inflacionário não assustam, já que a estratégia é focada no longo prazo e o mercado brasileiro é resiliente.

“A indústria eólica está consolidada. Cada projeto cria força e base para que as fabricantes exportem para o Chile e Peru, por exemplo”, diz Nicola.

Fonte: Valor – https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/10/25/enel-ampliara-maior-parque-eolico-da-america-do-sul.ghtml