Conselho da Petrobras rejeita dois indicados por Bolsonaro e cogita assumir política de preços

O Conselho de Administração da Petrobras seguiu a recomendação do Comitê de Elegibilidade (Celeg) da estatal e rejeitou os nomes do secretário-executivo da Casa Civil, Jônathas Castro, e do procurador-geral da Fazenda Nacional, Ricardo Soriano de Alencar, para integrar o colegiado. A decisão foi tomada em votação unânime dos conselheiros nesta segunda-feira, informou a estatal.

Ambos foram indicados pelo presidente Jair Bolsonaro para o próprio conselho, mas o comitê indicou possível conflito de interesse. O outros sete candidatos preenchem os requisitos e não têm vedações para concorrer às vagas, na avaliação do comitê, que tem papel apenas consultivo.

No dia 19 de agosto, a Petrobras realizará a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para a eleição dos novos indicados ao conselho de administração da companhia, que tem 11 cadeiras no total. Atualmente, a União tem seis delas. A convocação para a AGE deve ser feita pelo atual conselho até amanhã, porque precisa ocorrer com uma antecedência mínima de 30 dias.

Além de examinar o nome dos indicados, o conselho da Petrobras está discutindo se deve assumir o controle da política de preços de combustíveis da estatal em um movimento que poderia protegê-la melhor da influência política, afirmaram pessoas familiarizadas com o assunto à agência Bloomberg.

A política de preços da Petrobras atualmente é determinada pela diretoria executiva. Por enquanto, os preços dos combustíveis da petrolífera estão atrelados aos níveis internacionais. Mas há uma preocupação crescente entre os acionistas de que a Petrobras comece a arcar com o custo de manter preços menores que os praticados no mercado internacional no ano em que Bolsonaro concorre à reeleição.

A proposta de transferir ao conselho a competência para estabelecer as diretrizes para o reajuste dos preços dos combustíveis pode ser votada em uma reunião do conselho em 27 de julho, de acordo com as fontes. As negociações são preliminares e os detalhes ainda estão em discussão.

Não está claro se a mudança teria que ser aprovada pelos acionistas da petrolífera, que votarão em um novo conselho de administração no próximo mês, disseram as pessoas. A diretoria seguiria sendo responsável por decidir quando aplicar altas ou cortes de preços, mas levando em conta a estratégia ditada pelos conselheiros. A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Bloomberg.

Novo conselho em apenas 4 meses
A eleição de novos membros do conselho, que ocorrerá apenas quatro meses após a entrada dos atuais membros. Quarenta dias após a posse dos conselheiros e a escolha de José Mauro Coelho para presidente a estatal, Bolsonaro determinou a demissão dele e a renovação do colegiado, do qual o presidente da estatal é integrante. Como renunciou antes da assembleia de acionistas, Coelho foi substituído por Caio Paes de Andrade, ex-secretário do Ministério da Economia, indicado por Bolsonaro.

Para a assembleia, o governo, que é o acionista majoritário da estatal, propôs oito candidatos para o conselho de 11 membros. Dois já têm assentos: Márcio Weber e Ruy Schneider. Três outros membros atuais do conselho não poderão ser substituídos na reunião de agosto.

Outros candidatos são: Gileno Gurjão, Edison Garcia e Iêda Cagni, que ocupam cargos no governo Bolsonaro, Caio Paes de Andrade (o presidente nomeado no mês passado). Concorrem ainda Marcelo Gasparino e o banqueiro José João Abdalla Filho, ambos atuais membros do conselho, e cujos nomes foram novamente apresentados por um grupo de acionistas minoritários. Uma das cadeiras seguirá reservada para representante dos funcionários.

Fonte: O Globo – https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2022/07/conselho-de-administracao-da-petrobras-rejeita-dois-nomes-indicados-por-bolsonaro.ghtml