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CNT: transporte deve liderar descarbonização, mas petróleo ainda será necessário

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Ex-presidente e atual conselheiro Clésio Andrade defende transição energética gradual, com investimentos em biocombustíveis e manutenção do papel estratégico da Petrobras no processo

Lideranças políticas e empresariais discutiram os desafios da transição energética no setor durante o 10º Fórum CNT de Debates, realizado nesta quinta-feira (23/10) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Com o tema “Caminhos para a Descarbonização dos Transportes”, o encontro abordou políticas públicas, inovação e sustentabilidade — pilares considerados centrais para o futuro da mobilidade e da infraestrutura no Brasil.

Para ele, o processo deve ser encarado como um projeto de longo prazo, que exige visão estratégica e coordenação entre governo e iniciativa privada. “A descarbonização precisa ser tratada como um projeto de futuro, com planejamento, inovação tecnológica e compromisso coletivo. Não existe uma solução única. O caminho da sustentabilidade deve respeitar as diferenças regionais do Brasil e aproveitar nossos potenciais locais”, observou.

Clésio ressaltou que o país tem um diferencial competitivo por contar com uma matriz energética majoritariamente renovável e por poder avançar simultaneamente nas frentes de segurança energética, alimentar e climática. “O Brasil tem a rara vantagem de não precisar escolher entre segurança energética, segurança alimentar e redução de emissões. Podemos e devemos avançar nas três frentes”, disse.

Etapas da transição energética 

O conselheiro da CNT defendeu que a transição energética deve ocorrer por etapas. “No curto prazo, temos os biocombustíveis, como o etanol, amplamente disponível e de baixo custo. No médio prazo, o biogás e o biometano. E, no longo prazo, o hidrogênio verde e a eletrificação ganham força, abrindo caminho para um futuro de neutralidade climática”, explicou.

Apesar do avanço das fontes limpas, Clésio ponderou que o país ainda dependerá do petróleo por algumas décadas, e que a Petrobras tem papel estratégico nesse processo. “Vamos continuar dependentes do petróleo durante algumas décadas, e essa exploração, capitaneada pela Petrobras, precisa gerar resultados econômicos, sociais e tecnológicos para o país.”

“A Petrobras é essencial para uma transição energética justa. Somente uma empresa desse porte pode garantir o fornecimento e realizar os investimentos necessários em novas tecnologias, como o diesel verde e o SAF”, completou.

Foz do Amazonas 

O ex-presidente da CNT também celebrou o avanço da licença da Petrobras para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, vista por ele como parte do equilíbrio entre transição e segurança energética. “Buscar maior autonomia na exploração do petróleo aumenta nossas condições enquanto o país acelera os investimentos em descarbonização”, avaliou.

Clésio defendeu ainda o fortalecimento da integração entre os modais de transporte, a modernização da frota e incentivos financeiros para que transportadores possam adotar veículos menos poluentes.

“Veículos modernos, como os de padrão Euro 6, reduzem até 95% das emissões, mas o alto custo e a falta de incentivos ainda são obstáculos importantes”, alertou. “Precisamos de políticas públicas robustas e instrumentos de financiamento acessíveis para que o transportador possa contribuir efetivamente com a agenda ambiental”, acrescentou.

COP30

Durante o encontro, Clésio Andrade destacou que o setor de transporte levará à COP30, em Belém (PA), exemplos concretos de como vem contribuindo para a redução de emissões e o avanço da economia de baixo carbono. “Levaremos à COP30 debates necessários, ações concretas e resultados mensuráveis, mostrando ao mundo como o setor tem contribuído para reduzir emissões, promover inovação e fortalecer uma economia de baixo carbono”, afirmou.

Entre as iniciativas apresentadas pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio citou a Coalizão pela Descarbonização do Transporte, desenvolvida em parceria com o Movimento BW e mais de 50 entidades empresariais e acadêmicas. O grupo entregou ao governo federal um plano com 90 ações integradas capazes de reduzir em até 70% as emissões do setor até 2050.

Ele também mencionou o programa Despoluir, criado pela CNT e pelo Sest Senat e reconhecido pela ONU como modelo de sustentabilidade, além da elaboração de um inventário nacional de emissões do transporte, que servirá de base para novas políticas públicas.

Ao encerrar, Clésio reforçou o papel de liderança do transporte na construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável. “A sustentabilidade deixou de ser tendência e passou a ser condição essencial de competitividade. O sistema de transporte tem o dever de liderar esse movimento, unindo desenvolvimento econômico e preservação ambiental.”

Fonte:  Correio Braziliense / Foto: Reprodução/ Youtube