Entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) estão convocando nova greve de caminhoneiros para a segunda-feira, dia 1º de novembro.
A última pesquisa disponível no site da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostra uma média nacional do preço do diesel de R$ 5,031, o que representa um aumento de pelo menos 40% em relação à média de outubro do ano passado. A diferença deve ser maior já que a pesquisa não pega o último reajuste divulgado pela Petrobras, na segunda-feira (25).
As entidades de motoristas reivindicam um controle dos preços praticados pela estatal petrolífera e o cumprimento dos valores mínimos de frete previstos em planilhas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de acordo com a lei 13.703, de 2018, cuja constitucionalidade está sendo questionada pelos embarcadores no Supremo Tribunal Federal (STF).
Nessa quarta-feira (27), começou a circular nas redes sociais um vídeo que causou mais revolta nos representantes da entidade.
Nele, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, diz que seu papel como representante do governo é “baixar frete”. “Meu business é baixar frete”, diz Freitas para uma plateia de empresários. As imagens seriam de uma palestra, no evento Paving Hybrid, na semana passada. “A realidade é essa. A gente tem uma conversa muito franca (com os líderes caminhoneiros).” “O pessoal reclama: ‘O frete está caindo’. Que bom. Se o frete estiver subindo tem alguma coisa errada”, alega.
O ministro minimizou o risco de uma nova greve como a de 2018. “Quando eles falam: ‘Ministro vamos fazer uma greve’, eu pergunto: Vocês vão ganhar o que com a greve. Se acha que preço do diesel vai baixar, lamento, mas não vai.”
Freitas também diz que a greve de 2018 teve força porque foi bancada por empresas de transporte (locaute) e teve apoio do agronegócio. E que os autônomos detêm apenas um terço da frota e não têm força para fazer a paralisação. “Se meia dúzia parar de trabalhar, qual vai ser o efeito? Zero.”
O ministro também critica a imprensa por divulgar a intenção das entidades de fazerem a paralisação. “Eles chamam greve e a imprensa morde a isca… A gente tá com uma imprensa do quanto pior melhor.” Para Freitas, a imprensa não gosta do governo. “Vou tentar derrubar um avião porque não gosto do piloto”, compara.
Nesta terça-feira (26), o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, reuniu-se com o ministro para debater a segurança do transporte de cargas em uma eventual paralisação dos caminhoneiros autônomos. “Na ocasião, o presidente da CNT reafirmou que a entidade não respalda qualquer movimento grevista por parte desses profissionais”, diz o site da entidade.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirma que não foi realizada nenhuma “assembleia legal” para convocar a greve e que não realizou nenhuma reunião para participar do movimento. Na sexta-feira (29), a entidade irá divulgar uma nota oficial sobre a paralisação.
Segundo a CNTLL, a pauta de reivindicações dos caminhoneiros inclui itens como a revisão da política de preços dos combustíveis na Petrobras, o estabelecimento de um valor mínimo de frete e a melhoria e construção de novos pontos de descanso para a categoria. “Os caminhoneiros também exigem reformas no Poder Legislativo: a aprovação do Marco Regulatório do Transporte Rodoviário de Cargas e o retorno da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).”
O diretor da confederação e presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí-RS, Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que os caminhoneiros estão em estado de greve e aguardam que o ministro da Infraestrutura atenda a pauta de reivindicações da categoria.
FONTE: Carga Pesada – https://cargapesada.com.br/2021/10/27/caminhoneiros-prometem-greve-para-dia-1o-de-novembro/