Diversos países do mundo já estão enfrentando sérias dificuldades para atrair jovens e outros possíveis candidatos para trabalharem como motoristas profissionais, tanto para ônibus quanto para caminhões. Ao longo dos anos, a profissão deixou de ser atrativa, que tinha tanto pela fama de uma vida de viagens, quanto por outros benefícios, e tem sido considerada penosa pelos profissionais.
A falta de motoristas profissionais é relatada com frequência em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha e Japão, e o problema pode se apresentar com gravidade nos próximos anos também no Brasil.
É o que constatou o Blog do Caminhoneiro em um questionário com dezenas de respostas de motoristas profissionais de todo o país, que afirmam que, apesar da melhora considerável nos caminhões atuais, a profissão está cada vez mais problemática.
Para Rondineli De Oliveira, de Vilhena-RO, os caminhões melhoraram, mas há uma série de desafios na profissão, como maior cobrança por médias de consumo, horários e produtividade, além de restrições nas grandes cidades e baixos salários, que não acompanharam a evolução da profissão.
Régis Adriano Moreira, de Formiga-MG, afirma que a sua carreira profissional evoluiu, especialmente com a possibilidade de dirigir caminhões como rodotrens, mas falta apoio para o motorista fora da cabine.
“Tanto o trânsito quanto as rodovias estão ficando cada vez piores, com muitos caminhões e muitos carros, e sem infraestrutura”, destacou Régis.
Além da questão de falta de infraestrutura para o motorista nos momentos em que precisa descansar, como áreas de estacionamento seguras, restaurantes adequados e outros, a profissão do caminhoneiro ainda tem outro desafio relatado pelos profissionais do volante, que é a dificuldade de estar em casa, especialmente em datas importantes como aniversários e festas de família. Isso acaba por impactar a saúde emocional dos motoristas, e cria uma vontade, quase unânime de abandonar a estrada.
Valber Aparecido, de Governador Valadares, no estado de Minas Gerais, diz que está trabalhando com caminhões atualmente, mas pretende deixar a estrada de lado, e se dedicar a uma carreira longe do volante, mas ainda ligada à logística. Outros motoristas, no entanto, se mantém trabalhando, porque acham que a idade para trocar de profissão já passou. É o caso de Carlos Roberto, de Sapucaia-RJ, que destaca não trocar de profissão exatamente por conta da idade.
Para os motoristas, a estrada tem uma série de dificuldades, como a falta de segurança; cobranças em excesso, como normas de empresas de rastreamento e gerenciamento de risco, além de burocracias que criam outros problemas; e também a questão importante das longas jornadas.
Mesmo com esses problemas, para eles, a profissão ainda traz benefícios, como salários maiores do que aqueles encontrados em outras profissões, e a possibilidade de maior autonomia, especialmente para os caminhoneiros que trabalham dirigindo o próprio caminhão, que podem administrar o próprio tempo e rotas.
Outro benefício citado é a possibilidade de conhecer todas as regiões do país, outras pessoas e culturas, já que o serviço oferece essa liberdade de estar em uma região nova praticamente toda semana.
Mesmo com as dificuldades atuais, os caminhoneiros tem esperança, destacando que enxergam uma profissão com maior respeito e salários maiores no futuro, com mais conforto e tecnologia a bordo dos caminhões, e também maiores investimentos na infraestrutura rodoviária, além da garantia de condições de trabalho que permitam jornadas mais flexíveis, permitindo que eles possam estar em casa e acompanhar a vida da família, em especial o crescimento dos filhos.
Falando em filhos, a maior parte dos caminhoneiros destaca que não incentiva os seus descendentes e conhecidos a seguirem essa profissão, por conta das inúmeras dificuldades. Porém, nenhum diz proibir se houver vontade da parte deles, visto que o trabalho nas estradas é visto como um dom ou algo que está no sangue.
Fonte: Blog do Caminhoneiro – https://blogdocaminhoneiro.com/2024/11/caminhoneiros-destacam-piora-nas-condicoes-de-trabalho-ao-longo-dos-anos/#google_vignette