O setor de serviços brasileiro cresceu mais do que o esperado em março, impulsionado principalmente pelo setor de transporte de cargas mas ainda assim fechou o primeiro trimestre no vermelho em meio a um cenário de aperto do crédito no país.
O volume de serviços teve em março alta de 0,9% na comparação com o mês anterior, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O resultado foi o mais forte para meses de março de o início da série histórica em 2011 e ainda ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,5%.
O setor teve um início de ano com altos e baixos, apresentando forte queda em janeiro de 2,9% em meio ao esgotamento dos efeitos positivos da normalização da economia pós-pandemia, mas mostrou recuperação com taxas positivas nos dois meses seguintes.
Ainda assim, fechou o primeiro trimestre com retração de 0,3% na comparação com os três meses anteriores, primeira taxa trimestral negativa desde 2020, e com recuo de 5,8% ante o mesmo período do ano anterior.
“Nas duas comparações trimestrais está claro que o setor de serviços vem perdendo ritmo. Isso é natural após sucessivos crescimentos. Há uma recomposição da base de comparação e isso impacta o ritmo de crescimento”, explicou Luiz Carlos de Almeida Júnior, analista do IBGE.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve alta de 6,3% no volume de vendas, enquanto economistas esperavam crescimento de 5,0%.
Segundo o IBGE, o setor está agora 12,4% acima do nível de fevereiro de 2020, pré-pandemia, e 1,3% abaixo de dezembro de 2022, o auge da série histórica.
Na visão de especialistas, os serviços devem começar a sentir com mais força o efeito dos juros altos, com expectativa de que ande de lado no ano. Por outro lado, o desemprego baixo e as políticas de transferência de renda do governo podem dar impulso à atividade.
“Olhando à frente, o alto nível de endividamento das famílias e a moderação da atividade econômica poderá tirar parte da força dos reajustes de serviços. No entanto, até o momento, a atuação dos serviços segue surpreendendo com um desempenho acima das expectativas, o que justifica a preocupação do Banco Central com a persistente inflação do setor”, destacou o Banco Original em nota.
TRANSPORTES
O IBGE destacou no mês o desempenho do setor de transporte, que marcou a principal influência positiva em março com um crescimento de 3,6%. Esse resultado foi puxado principalmente pelo avanço de 4,7% no volume do transporte de cargas, que atingiu o ponto mais alto da série, registrado anteriormente em agosto de 2022.
“Desde o começo da pandemia (o setor de transportes) vem bem com impulso do serviços de entrega e compras online, e muito disso tem também o efeito positivo do setor agro, seja na movimentação de insumos para o campo, seja para o escoamento dessa produção”, disse Almeida Júnior, do IBGE.
Por outro lado, o transporte de passageiros recuou 3,3% na comparação com fevereiro, ficando 22% abaixo do ponto mais alto da série histórica, de fevereiro de 2014.
Também tiveram desempenho positivo em março os serviços profissionais, administrativos e complementares (+2,6%) e os serviços de informação e comunicação (+0,2%). Já os serviços prestados às famílias (-1,7%) e outros serviços (-0,6%) tiveram perdas.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, subiu 0,1% frente a fevereiro, ficando 1,4% acima do patamar pré-pandemia e 5,9% abaixo do ponto mais alto da série, registrado em fevereiro de 2014.
Fonte: Terra – https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-acao/volume-de-servicos-no-brasil-cresce-mais-que-o-esperado-em-marco-mas-fecha-1-tri-em-queda,1403687a411c22622227d3d59475b6a31hqpryb2.html