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FIERGS pede a Alckmin ações compensatórias caso tarifas dos EUA sejam mantidas

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O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Claudio Bier, apresentou ao presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, as demandas da indústria gaúcha em relação ao impasse com o aumento das tarifas impostas pelo governo dos EUA a produtos brasileiros.

Entre os pontos, está o pedido para que se priorize a manutenção da atual tarifa (ou busque prorrogação por ao menos 90 dias caso os novos percentuais sejam adotados) e para que se evite retaliações ou escaladas comerciais, priorizando uma estratégia de diplomacia empresarial. A reunião ocorreu no final da tarde desta segunda-feira (21), no Palácio do Planalto, em Brasília.

Bier ressaltou a preocupação da FIERGS com os efeitos que as tarifas trarão ao RS, uma vez que 99% das exportações do estado aos EUA são de bens industriais. Conforme estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Rio Grande do Sul será o segundo estado mais impactado do país, com uma estimativa de queda de R$ 1,9 bilhão no seu PIB em um ano.

“Os impactos já estão sendo percebidos pelos exportadores: clientes estão cancelando encomendas, cargas estão paradas em portos ou em navios no meio do caminho. Essa situação logo vai gerar desemprego, paradas na produção, férias forçadas e todos os efeitos nocivos que conhecemos”, destacou o presidente da FIERGS.

A carta entregue a Alckmin também cita a necessidade de ações compensatórias internas caso a elevação de tarifas seja implementada: facilitação de crédito e capital de giro para empresas afetadas, reforço de mecanismos de reintegração tarifária, incentivos à manutenção de empregos e ações de acesso a novos mercados.

Dados da Unidade de Estudos Econômicos da FIERGS mostram que, no Rio Grande do Sul, cerca de 1,1 mil indústrias exportam para os Estados Unidos (10% do total brasileiro). Nas vendas da indústria de transformação gaúcha, o mercado norte-americano responde por 11,2%, sendo o maior parceiro comercial das fábricas do estado. Produtos de metal, máquinas e materiais elétricos, madeira, couro e calçados e celulose e papel estão entre os segmentos com maior exposição aos EUA.

Bier relatou a Alckmin que industriais e entidades de classe estão conversando com parceiros comerciais dos EUA para que eles mostrem ao governo norte-americano que a elevação das tarifas é um “perde-perde” para os dois lados. “Perdemos aqui, mas eles perdem lá porque não se consegue fornecedor do dia para a noite. Lá também haverá perdas de empregos, aumento de preços e outros impactos”, detalhou.

Também reforçou que a indústria gaúcha reconhece o governo federal como legítimo e qualificado negociador, colocando-se à disposição para colaborar no que estiver ao alcance.

Alckmin reforçou que a prioridade do governo é investir no diálogo e nas negociações.

“Ficou claro aqui que o impacto social e financeiro para o RS é muito grave, sobretudo quando tivemos conhecimento que 99% do que o estado exporta para os EUA são bens industriais. Precisamos continuar tentando sensibilizar os empresários americanos de que o tarifaço também será prejudicial para os EUA. Vale lembrar que o caminho jurídico também pode ser uma saída, assim como fizeram os empresários brasileiros de suco de laranja que entraram na justiça nos EUA alegando que o tarifaço fere normas comerciais”, disse o presidente em exercício.

Liderada por Bier, a comitiva da FIERGS foi formada pelos vice-presidentes da entidade Julio Mottin e Maristela Longhi (móveis) e pelos representantes de sindicatos Cezar Müller (couro), Haroldo Ferreira (calçados) e Alfredo Schmitt (plástico), além da diretora de Relações Institucionais, Ana Paula Werlang, e integrantes da área econômica da federação. Também participaram da reunião o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) e representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e outros ministérios, como Fazenda e Relações Institucionais.

Fonte: CNI