Realizada na noite desta quarta-feira (4), em Brasília, a cerimônia do Prêmio CNT de Jornalismo de 2024 lançou luz não apenas sobre os vencedores de sua 31ª edição. Por meio das reportagens premiadas, ricas em histórias, conteúdo e reflexões, o evento colocou em evidência, também, a fundamental relevância do transporte para o progresso do país. Julio Eduardo Simões, presidente do SINIDPESA, Dasio de Souza e Silva Jr, vice-presidente executivo, e Cinthia Ambra, diretora executiva, prestigiaram o evento.
“O nosso setor tem consciência de sua responsabilidade social, econômica e ambiental. Por isso, por meio de ações concretas, assumimos um protagonismo importante em relação a temas caros para o Brasil e o mundo, como a agenda da sustentabilidade”, disse o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa.
Para exemplificar, ele citou a participação do Sistema Transporte na COP29, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, realizada em novembro, em Baku, no Azerbaijão, na qual o Sistema liderou e influenciou debates sobre a Agenda ESG. Outro exemplo é o trabalho perene junto às transportadoras para fomentar a adoção prática de iniciativas ambientais, sociais e de governança no dia a dia de seus negócios. E não é só isso.
Há 31 anos, o Sistema Transporte investe em outra estratégia de absoluto valor: a necessária conscientização de toda a sociedade. Para isso, o Prêmio CNT de Jornalismo segue firme como uma iniciativa de fundamental relevância para colocar em voga discussões e iniciativas capazes de transformar o transporte e o futuro das próximas gerações. “Acreditamos que uma imprensa livre e atuante é indispensável para indicar os rumos do desenvolvimento do setor transportador e fortalecer os pilares de uma sociedade democrática”, afirmou Vander Costa.
O ‘Futuro em Pauta’ foi o conceito escolhido para a edição deste ano. “Essa abordagem destaca a importância do jornalismo em revelar os desafios e as oportunidades do setor, promovendo uma reflexão essencial sobre o impacto de nossas ações no presente e no futuro. Nesse contexto, o jornalismo, ao cumprir seu papel de informar e provocar debates, contribui diretamente para a construção de iniciativas que transcendem o setor e beneficiam as próximas gerações, reforçando seu valor como um instrumento de transformação social”, declarou.
Por fim, o presidente do Sistema Transporte lembrou que o Prêmio deste ano marca o encerramento das ações de celebração dos 70 anos de atuação da Confederação Nacional do Transporte, coroando, assim, uma trajetória de compromisso com o desenvolvimento do Brasil e com a valorização do transporte em todas as suas dimensões. “Em nome da CNT, posso assegurar que continuaremos a ser uma voz ativa e influente, defendendo os interesses do setor e promovendo inovações que nos conduzam a um transporte cada vez mais moderno, sustentável e eficiente”, concluiu.
O que disseram os homenageados
Na cerimônia, um reconhecimento digno de nota foi prestado a um dos principais profissionais da mídia especializados em transporte e infraestrutura do país: Dimmi Amora, da Agência Infra, que já ganhou o Prêmio CNT de Jornalismo em duas oportunidades, foi finalista em outras quatro e também jurado.
“Este Prêmio mostra um pouco a realidade do país por meio do transporte. Buscamos sempre mostrar o retrato do que está acontecendo, o que é muito importante para a sociedade, para a democracia e, também, para a evolução do setor. Mostrar a realidade pode ser um pouco duro às vezes, mas é o que nos faz refletir e caminhar para a frente, e o transporte tem colaborado para isso”, declarou o jornalista após receber a homenagem.
Em seguida, os vencedores subiram ao palco, um a um, para receber o maior prêmio de jornalismo do país em termos de premiação e reconhecimento. Eles foram homenageados com um troféu exclusivo criado pelo artista plástico Paulo Mac Dowell, que simboliza a sinergia e a conexão de todo o sistema de transporte brasileiro. Além disso, ganharam premiação em dinheiro e certificado.
Veja o que eles disseram:
Grande Prêmio
Sob aplausos entusiasmados, o jornalista Chico Regueira, da TV Globo, conquistou o Grande Prêmio com a série de reportagens “O tempo de cada um”, que aborda casos de como o transporte de baixa qualidade contribui para a exclusão social, principalmente, de pessoas negras e pobres.
“É uma alegria e uma honra imensas ter o trabalho reconhecido nesta que é uma das mais importantes premiações do jornalismo brasileiro, com trabalhos de altíssima qualidade. Nossa série de reportagens fala sobre a desigualdade social brasileira. É um tema que faz parte da vida da maior parte dos moradores das grandes e médias cidades e deve estar no debate público, porque a mobilidade é base para a construção de uma sociedade com mais oportunidades para todos”, disse Chico Regueira.
Também participaram da série de reportagens o repórter cinematográfico Raphael Nascimento, a editora Eliza Santana e os produtores Jhonny Marvin e Hygor Lemos.
Conheça a matéria vencedora do Grande Prêmio.
Áudio
A matéria “As histórias de quem levou, por terra, ar e rios, a solidariedade do Brasil ao RS”, vencedora nessa categoria, foi veiculada no podcast Levando Esperança, do portal Metrópoles. Na reportagem, Rafael Campos conta histórias de brasileiros que não hesitaram em ajudar os gaúchos vítimas das inundações que atingiram o Rio Grande do Sul neste ano. Essa foi uma das maiores tragédias climáticas da história do estado.
“Vencer o Prêmio CNT de Jornalismo é uma honraria que qualquer jornalista almeja. (Na reportagem), mostramos um lado do brasileiro que é sempre celebrado e ficou ainda mais evidente diante da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul. Ao mostrarmos a solidariedade de quem esteve ajudando diretamente os gaúchos, nós reforçamos a grandeza do nosso povo, ao mesmo tempo em que alertamos sobre a gravidade do que aconteceu”, afirmou Rafael Campos.
Amanda Barradas, Cleverton Silva, Natália Moraes, Neila Guimarães e Rafael Campos também participaram da reportagem.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Comunicação Setorial
A jornalista Tânia Leite, da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro), elaborou um rico material sobre os principais desafios e as responsabilidades da iniciativa privada, do poder público e da sociedade civil para a promoção de um transporte público mais sustentável no Rio de Janeiro. Veja o que ela disse sobre a matéria “Mudanças nos hábitos de deslocamento”, publicada na Revista Ônibus.
“Estou muito feliz com a premiação por ser um reconhecimento profissional e por dar visibilidade às questões da mobilidade urbana, em especial àquelas ligadas ao transporte público. A matéria que fez jus ao prêmio é sobre um tema relevante: pesquisa da Coppe/UFRJ sobre a mudança nos hábitos de deslocamento da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. É preciso estudar, entender e se aprofundar nos problemas a fim de buscar uma solução embasada em dados confiáveis”, declarou a jornalista.
Arquimedes Martins Celestino e Roselene Alves também participaram da matéria na parte da diagramação e da revisão, respectivamente.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Impresso
Com a reportagem “Rodovias que perdoam: quando as estradas salvam vidas”, a repórter Roberta Soares, do Jornal do Commercio, trouxe à tona a importância de projetos de infraestrutura rodoviária bem-feitos, por atenuarem riscos de acidentes graves e consequências fatais nos casos de falhas humanas dos motoristas na condução dos veículos.
“É uma honra ganhar mais um Prêmio CNT de Jornalismo, que representa a principal premiação do setor de mobilidade urbana, por ser nacionalmente reconhecido e atrair jornalistas de todo o país. A minha alegria é ainda maior por ter vencido com um trabalho tão importante para estimular a segurança viária nas estradas do Brasil, onde milhares de pessoas morrem todos os anos”, explicou Roberta Soares.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Internet
A repórter Jade Abreu e sua equipe, do portal Metrópoles, percorreram mais de 1,4 mil km para contarem histórias de pessoas que têm direitos básicos violados diariamente, por estarem ilhadas no alto de serras e em áreas rurais de Cavalcanti, o sétimo maior município de Goiás. “O outro lado do paraíso” é o título da reportagem vencedora.
“Este é um reconhecimento importante de um trabalho que levou mais de um ano. A primeira denúncia foi sobre a existência de um pau de arara em Cavalcanti. Iniciamos a apuração na redação. (Ao longo do tempo), ganhamos a confiança de uma comunidade que é muito restrita. Com a reportagem, conseguimos colocar uma lupa na situação daquelas pessoas. O prêmio vem como uma recompensa para esse esforço, que visa mudar a realidade das pessoas”, contou Jade Abreu.
Também participaram da reportagem o videomaker Leonardo Hadluck e o fotógrafo Breno Esaki.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Meio Ambiente e Transporte
“Desafios do transporte para a mobilidade sustentável” é o título da matéria vencedora da categoria. Redigida por Giovana Lopes Cardoso Ferreira e Jéssica Gotlib, do R7, a reportagem mostra os desafios do setor de transporte para a mobilidade sustentável.
“Vencer o Prêmio da CNT na categoria Meio Ambiente e Transporte é uma grande conquista. Esse reconhecimento reforça a importância da discussão sobre os desafios do transporte para a sustentabilidade, que é essencial para reduzir os impactos ambientais e garantir um setor ambientalmente responsável”, avaliou Giovana Lopes.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Vídeo
O repórter Pedro Vedova, da TV Globo, e sua equipe tiveram acesso, com exclusividade, à parte interna do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), na época das inundações que atingiram o Rio Grande do Sul. A reportagem “Aeroporto virou porto – águas invadem e fecham o Salgado Filho” mostrou a destruição causada pela água das chuvas.
“A gente se esforçou na reportagem sobre o alagamento do aeroporto, não só pelas negociações que deram ao Fantástico um material exclusivo, mas também pelo aspecto físico. Ao final de uma cobertura desgastante, colocamos o pé na água parada que trancava o aeroporto. Havia a necessidade da presença física de alguém nas imagens, reforçando a fragilidade, a solidão e o tempo suspenso no aeroporto, antes movimentado. O Prêmio CNT valoriza essa nossa entrega e a necessidade de pensarmos outros caminhos diante da tragédia climática”, disse Pedro Vedova.
Também participaram da reportagem o repórter cinematográfico Rafael Martinez, os produtores Pedro Rockenbach e James Alberti, o editor de imagens André Alaniz e o editor Felipe Wainer.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Fotojornalismo
A foto vencedora mostra uma visão inusitada: um avião circundado pelas águas das fortes chuvas que assolaram o estado do Rio Grande do Sul neste ano. Na ocasião, o aeroporto Salgado Filho, localizado em Porto Alegre (RS), foi completamente inundado, interrompendo as operações. A imagem foi registrada pelo repórter Adriano Henrique Machado, da Reuters.
“Ganhar um prêmio de fotografia é uma conquista importante, especialmente quando a fotografia aborda um momento crítico e impactante. A foto do avião em meio às enchentes simboliza a tristeza, a dor, a luta e a resiliência das comunidades afetadas. Ao destacar, também, a gravidade da situação, ela serve como um poderoso testemunho visual que pode sensibilizar o público para a realidade das catástrofes naturais e suas consequências. O Prêmio CNT de Jornalismo é de grande importância para a nossa profissão”, disse o jornalista.
Conheça a matéria vencedora da categoria.
Como chegamos aos vencedores
O 31º Prêmio CNT de Jornalismo recebeu a inscrição de 312 trabalhos jornalísticos.
O vencedor do Grande Prêmio levou R$ 60 mil; e os das demais categorias, R$ 35 mil cada. Eles foram avaliados pelo corpo de jurados formado por: Alex Capella, secretário especial de Imprensa da Presidência do Senado Federal; Roberto Munhoz, diretor de Jornalismo da TV Record; Samira de Castro, presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas); Thiago Bronzatto, diretor da sucursal de Brasília do jornal O Globo; e Andrea Santos, especialista em Transporte e codiretora do Hub da UCCRN (Urban Climate Change Research Network) para a América Latina.
Para chegarmos aos vencedores, foram atribuídas notas aos materiais produzidos segundo estes critérios: impacto para o setor de transporte e o transportador; excelência editorial; importância social; criatividade e originalidade; e pertinência atual.