No momento, você está visualizando SINDIPESA Conecta promove debates sobre finanças, memória do setor e desafios regulatórios

SINDIPESA Conecta promove debates sobre finanças, memória do setor e desafios regulatórios

  • Categoria do post:Operacional

Com foco no fortalecimento institucional e na troca qualificada entre empresas do segmento, o SINDIPESA realizou ontem, 23, na sede da entidade em São Paulo, o SINDIPESA Conecta. O evento reuniu associados e mantenedores em um encontro presencial marcado por palestras técnicas, discussões setoriais e ações de valorização da história da movimentação de cargas no Brasil.

O encontro, já tradicional na agenda semestral da entidade e que agora recebeu o nome de SINDIPESA Conecta, teve como objetivo promover reflexões sobre temas atuais e estratégicos para o setor de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais. Segundo o presidente da entidade, o encontro foi pensado para trazer assuntos de interesse direto para os associados. “Nesta edição, abordamos dois pilares essenciais: finanças e estratégia, por meio das palestras ‘Impactos da Reforma Tributária’, ministrada pelo Dr. Luis Fernando Lessa, do escritório Adalberto Calil, e ‘Gestão Estratégica’, com o Sr. Ricardo Guntovitch, da RG5 Consultoria”, explica o presidente.

A programação também contou com o pré-lançamento do livro “A Era das Máquinas – História dos Guindastes no Brasil”, uma iniciativa em parceria com a FUMTRAN. A obra reunirá depoimentos pioneiros, registros fotográficos raros e conteúdo técnico sobre a evolução dos guindastes no país, resgatando a importância da engenharia e da movimentação de cargas para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Um dos temas de maior repercussão do evento foi a Reforma Tributária, especialmente quanto aos impactos diretos para o setor. “Dois pontos geraram bastante discussão entre os participantes: a futura incidência de impostos sobre a locação de guindastes, que hoje não é tributada por ISS, e a tributação sobre vendas de ativos imobilizados, que antes eram desoneradas e passarão a ser tributadas com a vigência do CBS e IBS”, destacou Júlio. O conteúdo da apresentação demonstrou que, com a nova sistemática, operações de locação serão consideradas prestação onerosa, independentemente da contratação de mão de obra, gerando nova carga tributária ao setor.

Além disso, os participantes foram alertados sobre o fim de benefícios tributários como a desoneração na venda de ativos imobilizados, o que impactará diretamente na rentabilidade das empresas. O novo modelo, ainda em fase de transição até 2033, terá incidência progressiva e ampla sobre bens e serviços, com regras de creditamento mais rígidas e unificação de obrigações acessórias, mas sem previsão de regime diferenciado para o setor de transporte de cargas especiais.

A palestra de gestão estratégica trouxe reflexões práticas sobre o papel da gestão financeira na sustentabilidade empresarial. Ricardo Guntovitch destacou que mais de 80% das empresas médias analisadas pela consultoria RG5 apresentavam ao menos um produto com margem negativa e que muitas decisões são tomadas com base em percepções e não em dados. “Gestão é sobre visibilidade, tomada de decisão embasada e capacidade de execução. Empresas que se conhecem melhor tomam decisões mais seguras e crescem com menos riscos”, afirmou.

Após as palestras, o encontro seguiu com uma reunião entre os associados, momento reservado para atualizações de demandas institucionais e debates técnicos. Um dos temas mais discutidos foi a complexidade envolvendo os EVE’s (Estudos de Viabilidade Estrutural), cada vez mais exigidos para a liberação de AETs (Autorizações Especiais de Trânsito). A queda da Ponte JK, em 2024, intensificou a exigência por parte dos órgãos reguladores e concessionárias, o que tem provocado atrasos e solicitações adicionais não previstas nas normas.

“Temos notado um aumento significativo no tempo de análise dos EVEs pelos órgãos competentes, com exigências que muitas vezes vão além da regulamentação. Esse cenário tem causado atrasos relevantes nos transportes e precisa ser enfrentado de forma coletiva pelo setor”, ressaltou o presidente.

Com a presença de 35 participantes nas palestras e 55 pessoas no almoço de networking, o evento reforçou o papel do SINDIPESA como ponto de convergência entre associados e mantenedores. “As reuniões presenciais são fundamentais para mostrar que os desafios enfrentados pelas empresas são, em grande parte, comuns. Isso fortalece a união e mostra como a atuação da entidade é essencial para representar os interesses do setor”, completa Júlio Eduardo Simões.

Como encaminhamento prático, o SINDIPESA irá criar um Grupo de Trabalho para tratar especificamente dos desafios envolvendo os EVE’s, buscando maior padronização e celeridade nas análises. A entidade também continuará mobilizada pela aprovação do PLP 92/2024 e atuará pelo pleito de isenção tributária nas peças de guindastes, reforçando seu papel técnico e institucional junto aos órgãos reguladores e ao Legislativo.