O setor portuário do Brasil movimentaram mais de 1,3 bilhão de toneladas em 2023, registrando expansão superior a 5% no período, de acordo com o “Atlas CNT 2025”, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte. O estudo também apontou que a navegação interior mais que duplicou na última década (2014–2023), com alta de 112,9%.
Esse desempenho veio acompanhado de crescimento de 20% na movimentação de contêineres e de expressiva ampliação dos investimentos: os recursos públicos saltaram de R$ 650 milhões em 2022 para quase R$ 2 bilhões em 2023, enquanto a iniciativa privada elevou seus aportes de R$ 3,5 bilhões para R$ 9 bilhões no mesmo intervalo.
Para o corrente ano, a previsão é que os investimentos ultrapassem R$ 12 bilhões, conforme indica o “Relatório Técnico do Pacto pela Infraestrutura Nacional e Eficiência Logística 2024”, coordenado pelo Instituto Besc de Humanidades e Economia.
Segundo Thiago Leão, diretor comercial da Nomus e especialista em mecânica industrial, a adoção de tecnologias de gestão e processos mais eficientes foi crucial. “Muitas indústrias passaram a digitalizar operações, automatizar tarefas repetitivas e integrar setores como compras, estoque, produção e transporte. Isso reduziu desperdícios, aumentou a previsibilidade e fortaleceu a decisão com base em dados”, afirmou.
Ele ressaltou ainda que a transformação digital alcançou empresas de todos os portes: pequenas e médias empresas começaram com ferramentas simples, como planilhas de controle de estoque, antes de migrar para sistemas integrados mais robustos.
O modal rodoviário mantém sua posição central na logística nacional, sendo responsável por 65% do transporte de cargas e 95% do de passageiros. De acordo com a Fundação Dom Cabral, o custo logístico representa 12,32% do faturamento bruto das empresas embarcadoras, sendo 65% desse valor referente ao transporte de matérias-primas e produtos.
Hidrovias: Bacia Amazônica responde por 80% da malha nacional
A Bacia Amazônica concentra 80% da rede hidroviária economicamente ativa do país, com mais de 16 mil quilômetros de vias navegáveis. Modal que pode reduzir custos de transporte em até 40%, de acordo com o Instituto Besc.
A criação da Secretaria Nacional de Hidrovias impulsionou a priorização do setor. Grandes projetos de concessão incluem as hidrovias do Amazonas, Madeira e Tocantins. Conforme dados do Ministério dos Portos e Aeroportos, cada comboio de 25 barcaças substitui cerca de 500 caminhões nas estradas.
Para os próximos 20 anos, estão previstos mais de R$ 30 bilhões em investimentos em dragagem e sinalização, com o objetivo de aumentar a eficiência e permitir a operação de embarcações de maior porte.
Novo PNL prioriza corredores ferroviários interligados
O país possui atualmente mais de 30 mil quilômetros de ferrovias concedidas, com uma frota que supera 150 mil vagões e 5 mil locomotivas – parte delas já opera com tecnologias mais limpas e eficientes.
O novo Plano Nacional de Logística (PNL 2024/2025) prioriza corredores multimodais que integram ferrovias e hidrovias a modais alimentadores, como as rodovias, que realizam o transporte porta a porta. Estudos da Fundação Dom Cabral reforçam a necessidade de coordenação das cadeias de suprimentos por microrregião.
O BNDES prioriza, em seus financiamentos ao setor, projetos que incluam medidas de adaptação climática, com foco em infraestrutura resiliente e tecnologias sustentáveis.
Digitalização é a próxima etapa
Thiago Leão projeta: “O próximo passo é ampliar o uso de ferramentas digitais avançadas, como ERPs integrados a soluções de logística e análise preditiva. Isso viabilizará um planejamento mais inteligente de rotas, estoques e capacidade produtiva”.
Além da tecnologia, a sustentabilidade consolida-se como diretriz central. Programas como o Despoluir ganham relevância, e o BNDES exige que projetos financiados cumpram critérios socioambientais rigorosos, incluindo avaliação de impactos climáticos e redução de emissões.
Fonte: Frota&Cia
