A inovação está em tudo. É assim que Rafaela Cozar, Head de Gestão e Inovação no Roda Brasil Logística e vice-presidente do Sindicamp, resume a importância da transformação no setor de logística. Para ela, esse conceito tem que ser aplicado não apenas no âmbito tecnológico das máquinas e equipamentos, mas também nas pequenas coisas. “Alguns empresários acham que é caro inovar e só serve para grandes empresas. Mas é preciso desconstruir para avançar. Se não inovamos nas pequenas coisas não vamos conseguiremos avançar em questões mais complexas. Por isso, é preciso desenvolver a mentalidade da inovação nas empresas”.
Formada em Ciências Contábeis, com MBA em Finanças & Controladoria e especialização em Controladoria na Suíça, Rafaela Cozar é coautora do livro “O transporte de cargas brasileiro em tempos de pandemia | Reflexões – Desafios -Perspectivas – Oportunidades”, lançado em 2020 pela Pragmatha. Na obra, além de fazer uma análise do setor de transportes, Rafaela destaca o momento histórico da pandemia sobre o setor.
Chegando à marca de 10 anos de logística e transporte, a diretora começou no ramo a convite do marido para realizar um planejamento estratégico pontual. Mas acabou ficando e saiu do antigo cargo no setor de implantação de novos processos na indústria. “Passei por todas as áreas e fui entender cada passo. Isso fez toda a diferença para atuar no cargo que estou.”
Na entrevista que segue, concedida com exclusividade para o portal de Frota&Cia, Rafaela Cozar comenta a importância da inovação nas empresas de transporte, além de outros assuntos na área em que domina. Confira:
Frota&Cia: Como é o dia-a-dia de uma profissional de inovação?
Rafaela Cozar: Minha missão é ficar antenada em tudo. Esse é o principal desafio. Entender tudo o que tá acontecendo na empresa, e também fora dela. É algo 24/7 que a cabeça quase nunca desliga.
Frota&Cia: Geralmente, a inovação é associada à questões tecnológicas. O que mais ela abrange?
Rafaela Cozar: A inovação está em tudo. Ela pode estar presente em um equipamento tecnológico e também em pequenas atitudes, em pequenas mudanças na corporação. A equipe também precisa estar preparada de todas as formas para lidar com a inovação. Entender o porquê, qual é o ganho, e qual vai ser o impacto. Por isso, acredito que inovação tem que vir da alta direção.
Frota&Cia: O foco financeiro é o que determina a inovação?
Rafaela Cozar: De forma direta ou indireta, os ganhos da inovação passam pelo financeiro. Mas se a gente for calcular só por isso, não vai ficar muito claro. A inovação traz segurança nos processos. Mas não precisa ser muito complexa, nem muito cara.
Frota&Cia: Como se dá a inovação na Roda Brasil?
Rafaela Cozar: Posso citar a implantação de formulários eletrônicos. Aqui não precisamos mais de assinaturas e arquivos de papel. Tudo é feito via formulários on-line, o quê é bem mais rápido e prático. Isso me traz muito mais fluidez. Eu acredito também que das pequenas coisas a gente chega nas grandes coisas. Por isso esses detalhes são importantes.
Frota&Cia: Nem todas as empresas investem na inovação. O que explica essa resistência?
Rafaela Cozar: Porque as pessoas acreditam que a inovação é difícil e cara. A logística 4.0, por exemplo, ainda está sendo disseminada, enquanto a indústria 4.0 já está mais avançada. Antes se acreditava que as transportadoras só movimentavam cargas. Hoje sabemos que uma empresa precisa ser tecnológica e usar tecnologia. O processo de inovação inclui processos, pessoas e todo o restante. Não basta só focar no caminhão, câmeras e rastreadores e esquecer as pessoas. Também tem a questão da legislação brasileira que não estimula a inovação, com o exemplo do canhoto do papel. Isso segurou por muito tempo a evolução do setor.
Frota&Cia: O que esperar da inovação nos próximos anos?
Rafaela Cozar: Acho que temos um caminho brilhante pela frente. Por isso vem surgindo muitas startups de tecnologia no cenário. A pandemia acelerou tudo isso. As pessoas tiveram que inovar e perceberam que não é tão complexo quando pensavam. O meu sonho é fazer isso de uma forma consolidada. Inovar de uma forma geral. Se vou inovar no caminhão, tenho de manter o ritmo e fazer o mesmo no RH, por exemplo. Pensar 360º, em resumo, para que as coisas caminhem de forma conjunta nas empresas. Assim a gente acelera. A pandemia tirou essa trava das empresas e das pessoas. Estamos passando pelos primeiros passos e, como acontece com o ser humano, depois de começar a caminhar você começa a correr. Então os próximos 10 anos serão bem mais acelerados.
Fonte: Frota&cia – https://frotacia.com.br/focamos-em-inovar-no-caminhao-mas-esquecemos-dos-processos-e-das-pessoas/