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Brasil e Japão retomam diálogo para ampliar comércio e investimentos via Mercosul

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Posicionamento conjunto em apoio à negociação de um Acordo de Parceria Econômica entre o bloco econômico e o país asiático foi assinado durante 26ª reunião do Cebraj em São Paulo

Representantes de setores industriais do Brasil e do Japão retomaram as negociações para ampliar as relações comerciais entre os dois países. Eles apresentaram um posicionamento conjunto em apoio à negociação de um Acordo de Parceria Econômica entre o Mercosul e o Japão.

A iniciativa foi nesta terça-feira (9), em São Paulo, durante a 26ª Reunião Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Japão (Cebraj). O evento reuniu mais 200 líderes empresariais e foi organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Organizações Econômicas do Japão (Keidanren). A CNI foi representada, no evento, pela gerente de Promoção Comercial, Tatiana Farah.

O posicionamento reforça o compromisso das comunidades empresariais dos países em aprofundar a cooperação econômica. Enfatiza a importância de fortalecer cadeias de suprimentos, garantir um ambiente de negócios aberto e estável e avançar em iniciativas de sustentabilidade, como a Parceria Verde Japão–Brasil. Também constam do posicionamento ações conjuntas voltadas à transição energética, agropecuária sustentável, biocombustíveis, prevenção de desastres e promoção do desenvolvimento nas regiões do Indo-Pacífico e América do Sul.

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e interino da Fiesp, Rafael Cervone, ressaltou a importância histórica e estratégica do Japão para a diversificação produtiva e o dinamismo da economia brasileira e destacou as oportunidades que podem surgir com a parceria entre Mercosul e o país asiático.

“A retomada das negociações de um acordo com o Mercosul representa uma oportunidade estratégica para ampliar a variedade de produtos e explorar o mercado consumidor dinâmico de mais de 390 milhões de pessoas, aproveitando a complementaridade de nossas economias. É claro que não seria possível abordar todos os aspectos e todas as novas frentes de cooperação neste momento, mas tenho plena convicção de que os trabalhos de hoje trarão contribuições valiosas para aprofundar a cooperação econômica entre Brasil e Japão, além de fortalecer ainda mais o papel de nossas indústrias no cenário internacional”, disse Rafael Cervone.

Em 2024, a corrente de comércio entre Brasil e Japão somou US$ 11 bilhões, concentrada em minério de ferro, café e frango nas exportações brasileiras, e em máquinas, veículos e produtos eletrônicos nas importações.

O presidente do Comitê Econômico Japão-Brasil da Keidanren, Tatsuo Yasunaga, falou sobre a relevância de ampliar a cooperação entre Brasil e Japão em áreas estratégicas como comércio, inovação, meio ambiente e energia. Ele defendeu a criação de mercados mais estáveis e resilientes, com ênfase na diversificação das cadeias de suprimentos, e ressaltou que a aproximação entre o Indo-Pacífico e o Mercosul é estratégica para ambos os países.

“Um Acordo Econômico Abrangente (AEA) entre Japão e Mercosul é fundamental para aprofundar as relações econômicas e aproveitar a complementariedade entre as duas regiões. Devemos iniciar as negociações do AEA no âmbito do Quadro de Parceria Estratégica Japão-Mercosul. Essa é uma oportunidade que não podemos perder”, disse.

O dirigente também recordou que o Mercosul concluiu recentemente acordos comerciais com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), o que reforça a necessidade de avançar no mesmo caminho com o Japão. A fala de Yasunaga integra as celebrações do 130º aniversário das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, marco que, segundo ele, deve ser acompanhado por “novos desenvolvimentos concretos” na agenda econômica bilateral.

Juan Merlini, diretor de Estratégia Corporativa da Vale – empresa que preside a Seção Brasileira do Conselho Empresarial Brasil-Japão – ressaltou a importância histórica e estratégica da relação entre a mineradora e o Japão, que, em 2024, celebrou 70 anos de comércio ininterrupto. Segundo ele, o Japão segue sendo um dos principais mercados da empresa, com quase 30 milhões de toneladas exportadas em 2023. Ele lembrou também do papel decisivo dos clientes japoneses no desenvolvimento de Carajás (PA), a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo, fruto de financiamento e cooperação bilateral.

“Atualmente, a relação vai além da mineração tradicional: a Vale e seus parceiros japoneses trabalham em soluções para a descarbonização da cadeia siderúrgica, responsável por 8% das emissões globais de CO₂. Entre as inovações, destaco o briquete verde, tecnologia desenvolvida pela empresa ao longo de 20 anos, que permite reduzir significativamente as emissões no processo siderúrgico”, concluiu.

A Declaração Conjunta da 26ª Reunião Plenária Cebraj será apresentada na 15ª Reunião do Comitê Conjunto de Promoção de Comércio e Investimento e Cooperação Industrial dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Economia e do Comércio e Indústria do Japão (METI). O objetivo do encontro, que ocorrerá na quinta-feira (11), na sede da CNI, em Brasília, é expor pleitos do setor privado ao setor público para ampliar as relações comerciais entre os dois países. A expectativa é que 50 representantes do governo e do setor privado brasileiro e japonês participem.

Estudo da CNI aponta potencial para ampliar comércio e investimentos entre Brasil e Japão

Um estudo da CNI mostra que, embora Brasil e Japão mantenham uma parceria econômica de peso – com o país asiático figurando como sétimo maior fornecedor externo do Brasil na última década e nono maior investidor -, o comércio bilateral perdeu dinamismo nos últimos anos.

Em 2023, cada bilhão de reais exportado ao Japão gerou 24,4 mil empregos, R$ 424,8 milhões em massa salarial e R$ 3,3 bilhões em produção. Ainda assim, o Japão reduziu sua participação nas importações brasileiras em 0,7 ponto percentual na última década, enquanto o Brasil segue apenas como 17º maior fornecedor externo do país asiático.

O levantamento aponta ainda que o estoque de investimentos japoneses no Brasil chegou a US$ 35,2 bilhões em 2023, alta de 31,6% em relação a 2014. Já o estoque de investimentos brasileiros no Japão recuou 74,7% no mesmo período, somando US$ 132,3 milhões.

Descarbonização e cooperação em inovação e tecnologia

Durante a reunião do Cebraj, painéis reuniram lideranças empresariais e governamentais do Brasil e do Japão para discutir temas centrais da agenda bilateral. As sessões abordaram o panorama econômico e as oportunidades do Acordo de Parceria Econômica Mercosul-Japão, a diversificação e fortalecimento das cadeias globais de valor, os desafios da indústria para a descarbonização e as oportunidades de cooperação em inovação e tecnologia.

O programa também contou com uma sessão especial dedicada ao empreendedorismo feminino, reforçando o compromisso dos dois países em ampliar a participação das mulheres na economia.

Fonte: Agência de Notícias da Indústria / Foto: Divulgação