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Indústria de caminhões projeta volumes menores em 2025

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Fabricantes concordam que o ano de 2024 foi bom para a indústria em geral. Mas, diante do atual cenário de incertezas, dificilmente o desempenho irá se repetir no ano no curso

Um ano de retomada. Assim 2024 será lembrado por todos os fabricantes de veículos comerciais que disputam o mercado brasileiro, depois de vivenciarem um período de vendas em alta e volumes mais que satisfatórios para a garantir a prosperidade dos negócios. Mais interessante de tudo, é que o bom desempenho no ano beneficiou todos os segmentos da indústria, seja de caminhões, ônibus, utilitários ou implementos rodoviários. Como revelou, em números, a edição de fevereiro de Frota&Cia, com o Ranking 2024 do Mercado de Veículos Comerciais.

Na tentativa de explicar os motivos do bom desempenho dos variados mercados no ano que passou e as projeções para o ano em curso, Frota&Cia foi à campo e ouviu os principais representantes da indústria automotiva. Como os leitores poderão conferir na edição de março da publicação, que traz os depoimentos na íntegra em formato de texto e vídeo.

No caso do mercado de caminhões, a grande maioria dos entrevistados admite que o ano superou as expectativas. Diante de um mercado que avançou 15% em volumes no ano, todas as cinco montadoras que lideram o segmento acusaram variação superior a 10%.

Novos mercados

O melhor desempenho foi da Scania, que mostrou uma evolução de 53% nos licenciamentos de caminhões e alcançou o melhor resultado de sua história, com mais de 19 mil caminhões emplacados. Tudo por conta do bom desempenho do agronegócio, que responde por 45% das vendas totais da empresa. E, também, pelo forte investimento na renovação do portfólio, com a oferta de soluções multienergéticas, segundo Alex Nucci (foto), diretor de Vendas de Soluções da marca.

Volvo, por sua vez, também comemorou o resultado no ano – o segundo melhor de sua história -, com mais de 23 mil caminhões comercializados no mercado interno. Alcides Cavalcanti (foto), diretor Executivo da empresa, atribui a excelente performance ao bom momento do agro. Mas, também, à plena aceitação da tecnologia Euro VI que agregou mais valor ao produto em termos de redução de consumo. Sem contar, a expansão dos negócios para outros setores além do agro, caso dos segmentos florestal, mineração e cana-de-acuçar, que demandaram muitos caminhões vocacionais.

Jefferson Ferrarez, vice-presidente de Vendas, Marketing, Peças e Serviços Caminhões, da Mercedes-Benz faz coro com seus colegas de indústria em relação aos setores que impulsionaram os negócios. E lembra de outro importante fator que ajudou o setor. “A realização da Fenatran, no último trimestre do ano, movimentou bastante o mercado de caminhões e resultou em bom número de emplacamentos no finalzinho do ano”, atesta o executivo.

Embora reconheça que 2024 foi um período de muitos desafios e incertezas políticas e econômicas, o gerente de Vendas de Caminhões, da Volkswagen Caminhões e ÔnibusBruno Schorst (foto). admite que a indústria de caminhões conseguiu passar por tudo e alcançar a marca de 125 mil caminhões licenciados, mesmo sem o agro demonstrando toda sua força.

“O excelente desempenho no ano reflete o crescimento do PIB do país, uma vez que o mercado de caminhões tem uma íntima relação com o Produto Interno Bruto, “Se o PIB cresce, as vendas de caminhões avançam quase na mesma proporção”, observa o executivo.

Otimismo com reservas

Diante desse cenário, a maioria dos entrevistados se mostra menos otimista em relação ao ano em curso e com algumas reservas. A elevação da taxa dos juros em janeiro e a promessa do Banco Central de reajustar novamente em março e ao longo do ano, se a inflação persistir nesses níveis mais altos, preocupa a todos. E não sem razão. O indicador impacta diretamente o financiamento de veículos, sem contar o risco da redução na oferta de créditos e o aumento da inadimplência.

Nas contas de Alcides Cavalcanti, o mercado de caminhões deve cair algo em torno de 10% em relação ao ano passado, o que não chega a incomodar, já que “produzir 80/85 mil caminhões/ano é uma excelente em qualquer mercado”.

Jefferson Ferrarez (foto) alerta para a variação cambial, que traz mais instabilidade para o setor automotivo. “A desvalorização do real traz mais custos para a indústria, o que pode levar a um reposicionamento de preço dos veículos e causar uma certa apreensão no mercado sobre a sua aceitação”. A variação cambial, por outro lado, abre mais oportunidades para a exportação, o que contribui para o aumento da produção”, ressalva Ferrarez.

O momento é bastante desafiador, na visão de Alex Nucci, da Scania. Segundo ele, é cedo para fazer projeções, porém é certo que 2025 será um ano de menores volumes de caminhões comercializados. “Somente após o fechamento do primeiro trimestre, será possível ter um céu mais claro de como o mercado irá se comportar”, justifica.

Fonte: Frota&Cia / Foto: Divulgação